quarta-feira, 4 de março de 2009

MANGUE

Homenagem à resistência
da comunidade de Balbino/CE,
com sangue e tratores queimados.


A vida
sabe a morte no avesso do chão
sente
o barro podre gemido de pedra afogada
e o cheiro do vento
ausente
a vida entre o céu e o corte

mangue
mar-e-terra
menstrua a-mar-é-mãe
o sangue anual da Terra

veia aberta de sal
via certa do sol
a vela cavalga sete setas
a via a santa ceia
parte o peixe feito pão

as raízes criaram asas
de barro mergulham as penas
nas águas onde o mar vem
matar a sede
e onde um anjo enterrou seu sexo
na lama

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